O novo livro da Via Escrita investiga o olhar dos intelectuais Plácido de Abreu e Mello Morais sobre a capoeira, bem como analisa a elaboração de seus discursos que projetavam a ela uma nova prática. Estes intelectuais sagraram-se os primeiros a abordar exclusivamente a capoeira em estudos, ensaios, produções literárias, reportagens na imprensa periódica etc., durante as décadas de 1880-90 e 1900-10.
Desvendar as tramas de seu discurso, contextualizando-os, bem como as circunstâncias de sua produção, nos possibilita compreender os limites das ações práticas engendradas pelos grupos dominantes e a maneira como mantêm o exercício do poder. Possivelmente, foi através da elaboração deste discurso que os grupos dominantes determinaram modos e padrões sociais disciplinadores para os grupos populares marginalizados, utilizando para tal as manifestações culturais – no caso, a capoeira – produzidas no cotidiano dessas classes.
Em “Capoeiragem carioca – da fina malandragem ao esporte civilizado (1886-1910)”, Luiz Felipe de Oliveira Faustino busca tratar da capoeira analisando-a em meio ao momento de sua criminalização através do Artigo 4022, quando da elaboração do primeiro Código Civil, de autoria de Rui Barbosa, em 1890, responsável pela perseguição e quase extinção da capoeira das ruas do Rio de Janeiro.