O dia a dia de milhares de pessoas é retratado no livro “Anos 70 – diário de um morador do Vidigal RJ”, o novo lançamento da editora Via Escrita. O autor Isac Ribeiro viveu muitos anos no Vidigal, um dos maiores aglomerados do Rio de Janeiro, e sente saudades daquele tempo. Os momentos de alegrias, de satisfações interiores e de convívio sadio são relembrados na obra com palavras simples e bem colocadas.
“No livro está relatada a ameaça de despejo do povo do Vidigal pelo governo nos anos 1970. A luta pela anistia, a liberdade dos presos políticos, o exílio de muitos artistas, a censura na imprensa, as torturas, os banimentos de muitos brasileiros pela ditadura militar. Tudo isto foi vivido e escrito neste livro, que, tenho certeza, será lido por todos os brasileiros que sonham por justiça e por um Brasil melhor”, explica Isac, que a cada página ratifica a sua enorme sensibilidade.
Quando jovem, o autor percorreu vários estados do sul do Brasil de bicicleta. Depois conheceu dezenas de cidades no estado de São Paulo a pé. Na parte profissional trabalhou em grandes restaurantes e hotéis do Rio e São Paulo, estudou mecânica no SENAI-RJ, trabalhou também em construção civil e como porteiro. Aproveitando esta última experiência, escreveu o livro “Porteiro de Condomínio”. Também é de sua autoria outro livro, “Arrocho Salarial”, onde relata a vida de um operário no tempo da ditadura.
“Mais de 40 anos após eu ter escrito minhas anotações, é uma enorme satisfação vê-lo finalmente publicado. É muito bom ter aquelas antigas páginas de caderno transformadas em um livro. Estou lembrando com saudade, mas sem nostalgia, um tempo muito importante da minha vida. No Rio de Janeiro conheci pessoas incríveis que me ajudaram muito a crescer como pessoa. Sem os anos que passei na cidade não teria sido possível voltar”, declara Isac, que desde 1988 retornou a São Lourenço, sua cidade de coração, dedicando-se à área social.
Alguns anos após o retorno, o autor foi eleito presidente da Associação de Moradores do Carioca e na sequência construiu, em conjunto com a comunidade, o posto de saúde do bairro, reconhecido pela população como o melhor de São Lourenço, sendo carinhosamente chamado de “hospitalzinho”. Foi assessor de Cultura do município e publicou suas crônicas em um jornal da cidade. No momento, exerce seu quarto mandato de vereador.