Entrevista com o jornalista Raphael Carneiro

Com passagens por Tribuna da Bahia e Grupo Metrópole, Raphael Carneiro atua no jornalismo esportivo desde 2006. Foi contratado em 2011 para ser repórter do globoesporte.com na Bahia. Em 2013, venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo, na categoria Regional/Esporte, com a série de reportagens Geração 2016: promessas vazias dão prejuízos ao esporte olímpico baiano. No próximo dia 13 de maio, o jornalista lança a biografia “Edvaldo Bala Valério – a braçada da esperança”, pela Editora Via Escrita, na Saraiva do Salvador Shopping.

Fale um pouco sobre os primeiros passos de sua relação com o esporte e, em especial, com a natação.
Nado desde que me entendo por gente. Nasci em uma família que sempre esteve ligada ao esporte e não me recordo de ter passado muito tempo sem qualquer atividade física. Cheguei a treinar judô, karatê e futebol, mas foi na natação que me encontrei de fato. Até o ano passado disputava competições masters em Salvador. Fiz grandes amigos e me formei como pessoa tendo a piscina do Costa Verde, aqui em Salvador, como plano de fundo. Querendo ou não, a natação também influenciou em minha vontade de seguir no jornalismo esportivo.

Como surgiu a ideia de escrever a biografia do medalhista Edvaldo Valério?
A vontade de escrever um livro era algo que me acompanhava desde quando estava ainda no colégio. Cheguei a iniciar um romance, ainda adolescente, mas abandonei. Na faculdade, meu Trabalho de Conclusão de Curso foi um livro sobre a paixão das torcidas de Bahia e Vitória. Com o título de Ba-Vi: uma paixão sem limites, eles está disponível para download na internet. Desde então, passei quatro anos martelando e prolongando esse desejo de fazer um novo livro. Já conhecia boa parte da história de Valério – nadamos na mesma piscina em 94, mas eu tinha apenas oito anos – e, depois de uma entrevista que fiz com ele para o Globoesporte.com, vi que ali rendia algo a mais. Pensei em todo o projeto, fiz um rascunho de como seria o livro e, em uma competição em 2013, iniciei as conversas com ele. Ainda bem que ele aceitou tudo (risos).

Quais as maiores dificuldades que você encontrou durante todo o processo?
Minhas dificuldades não foram nem relacionadas ao processo em si. Valério foi muito tranquilo e solicito sempre que precisei entrevistá-lo ou para tirar alguma dúvida. Ele me ajudou bastante também nos contatos com familiares, antigos companheiros e ex-treinadores. Tive um pouco de trabalho para encontrar matérias da época. Mas o maior empecilho foi o trabalho do dia-a-dia. Continuei trabalhando normalmente enquanto produzia o livro e, muitas vezes, a rotina me deixava esgotado, mas precisava arrumar forças e tranquilidade para escrever. Neste período, passei um mês trabalhando no Rio de Janeiro e ainda tivemos a Copa do Mundo, que alterou a rotina lá no trabalho por dois meses.

O que o leitor vai encontrar?
Tentei mostrar ao leitor, de forma direta e simples, a vida de Edvaldo Valério. Como foi a entrada dele na natação, o caminho até a Olimpíada e o que aconteceu após o bronze olímpico. No livro, histórias, bastidores, curiosidades e a percepção de um atleta que tinha tudo para dar errado. Tentei, também, me manter fora do que podemos chamar de fofocas, boatos, essas coisas. A vida pessoal só foi relatada quando tinha impacto no profissional.

Como você vê hoje a literatura esportiva brasileira?
Acredito que a literatura esportiva brasileira está começando a crescer neste momento. É aí que vejo com bons olhos o trabalho feito pela Via Escrita. O Brasil é um país sem memória e, quando se fala do lado esportivo, o problema é ainda maior. Temos um amplo campo para ser explorado e torço para que novas publicações possam imortalizar ídolos e feitos dos brasileiros.

Quais são seus próximos projetos? Podemos esperar mais algum trabalho seu relacionado ao mundo do esporte?
A partir do lançamento da biografia, estou me dedicando fortemente à literatura. Tenho um esboço de um romance que pretendo tocar nos próximos meses, mas também estou pesquisando novas histórias relacionadas ao mundo o esporte para poder contar. Espero não demorar muito para achá-las.